segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Portugal "já não é independente” porque está submetido aos credores externos, diz Henrique Neto

O empresário e ex-deputado socialista Henrique Neto afirma que "Portugal deixou de ser independente" porque faz aquilo que os credores externos pretendem, mas considera um "descalabro" a eventualidade de chumbo do Orçamento de Estado para 2011.

"Com o endividamento (externo) que temos comprometemos, além do mais, a independência nacional. Nós hoje não somos independentes", sustentou o empresário, que chegou a ser porta-voz para a Economia durante os Estados Gerais de António Guterres.

Ao ter de se fazer "praticamente" o que os credores externos querem, que são "soluções fáceis e rápidas para se reduzir o défice", o Executivo optou pelo "aumento de impostos" e das receitas.

É "um aumento de impostos de forma indiscriminada e pouco compatível até com o Partido Socialista, na medida, como já foi demonstrado, [as taxas] crescem mais para as classes mais pobres, em termos relativos", afirma.

O empresário admite ter recebido com "tristeza" a proposta de o Orçamento de Estado de 2011 e lembrou os avisos feitos por vários sectores da sociedade, exigindo uma "reforma e um novo pensamento" da economia portuguesa.

"O orçamento era previsivelmente mau" porque "não responde ao essencial dos problemas da economia" e aumenta os "sacrifícios" da classe média, funcionando apenas como um instrumento financeiro, considera Henrique neto.

Para o responsável o Governo "não sabe ou porta-se como se não soubesse o que fazer" e não tem tornado as contas "transparentes". "Daí que este seja um orçamento financeiro, apenas trata dos problemas do défice, e sobre a Economia é completamente omisso", nota.

Para o futuro, Henrique Neto prevê dificuldades na execução das restantes medidas orçamentais, além do simples aumento dos impostos, pelo que admite novos cortes nos próximos anos.

"O próprio primeiro-ministro na última Comissão Política do Partido Socialista disse que a Administração Pública era a base do apoio político" do partido e, por isso mesmo, extinguir empresas públicas era "acabar com milhares de postos de trabalho" de quem elegeu o Executivo, acrescentou.

O ex-dirigente refere que, ao nível das Finanças, "é evidente" que não se deveria ter continuado com o endividamento e o "regabofe dos gastos do Estado, que tem sido a marca actual" do Governo.

O responsável acredita que o Orçamento será aprovado e que a algazarra sobre o assunto "desvia a atenção do essencial". "Não aprovar o orçamento seria um descalabro, o PSD, o Presidente da República e todos têm consciência disso".

2010-10-18 16:13

Oje/Lusa

1 comentário:

  1. Ás vezes aparece um socialista a dizer a verdade... É raro, mas acontece

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